Sermão: Jejum e Oração

Sermão: Jejum e Oração
Texto: Esdras 8:21-23, 31-32

Introdução: Vinte e três anos depois que o primeiro grupo de exilados retornou a Jerusalém do cativeiro babilônico, o templo foi concluído e dedicado ao Senhor. A primeira Páscoa desde o reinado do rei Josias foi celebrada, depois de mais de cem anos sem celebrar esse grande evento. A longa estrada para casa não foi um caminho fácil para viajar. Foi somente pela graça de Deus que os exilados voltaram sãos e salvos e mais uma vez viveram e adoraram em sua terra natal.

Em Esdras 7, Artaxerxes é rei. O ano era 458 a.C, cerca de oitenta anos depois que o primeiro grupo de exilados retornou a Jerusalém sob Zorobabel para reconstruir o templo. O grupo menor de exilados liderado por Esdras voltou para casa mais tarde. É nos dito três vezes em Esdras 7 que "a mão do Senhor seu Deus" estava sobre ele (Esdras 7:6, 9, 28). Deus tinha equipado Esdras com tudo o que ele precisava para liderar o povo de Deus. Esdras "tinha preparado o seu coração para buscar e cumprir a lei do Senhor, e para ensinar em Israel os seus estatutos e as suas ordenanças" (Esdras 7:10). Uma vez que Esdras era "escriba hábil" (Esdras 7:6), seria possível para ele copiar as Escrituras, ser exposto a elas todos os dias e, assim, aplicá-las à sua vida. Esdras não estava satisfeito com apenas estar perto da verdade, ele queria que a verdade afetasse ele e aqueles que ele liderava. Ele queria que aqueles que retornassem a Jerusalém fizessem mais do que simplesmente voltar para casa. Ele queria que eles retornassem espiritualmente ao Senhor.

Esdras 8 abre com uma lista dos que retornaram a Jerusalém com Esdras (Esdras 8:1-14). Esta lista é constituída pelos principais chefes das famílias, "chefes de suas casas paternas" (Esdras 8:1), bem como o número dos que retornaram com eles. A maioria das pessoas que retornaram com Esdras eram parentes das famílias que tinham retornado anteriormente com Zorobabel (Esdras 2). O capítulo também registra os detalhes da viagem dos exilados de volta a Jerusalém e sua chegada em Jerusalém (Esdras 8:15-36).

Nosso texto enfoca o caráter de Esdras como um líder e como ele queria ter certeza de que o retorno para casa fosse seguro e bem-sucedido. Esdras nos diz: "Ajuntei-os à margem do rio que corre para Ava; e ficamos ali acampados três dias. Então passei em revista o povo e os sacerdotes, e não achei ali nenhum dos filhos de Levi" (Esdras 8:15). Esdras, como o povo, provavelmente estavam ansiosos para voltar a Jerusalém, mas tiveram o cuidado de fazer todos os preparativos necessários. Tempo de preparação não é tempo desperdiçado! Os "três dias" (Esdras 8:15) que acamparam perto do rio foi o tempo bem gasto em organização e planejamento.

1. Jejum e oração, preparação no início da jornada (Esdras 8:21-23)

Esdras estava prestes a liderar um grupo de quase 2.000 pessoas em 900 quilômetros de deserto por aproximadamente quatro meses. Ele não só tinha a responsabilidade do povo, mas ele também estava carregando um enorme tesouro de "... seiscentos e cinquenta talentos de prata, e em vasos de prata cem talentos; e cem talentos de ouro; e vinte taças de ouro no valor de mil dáricos, e dois vasos de bronze claro e brilhante, tão precioso como o ouro" (Esdras 8:26-27). Embora Esdras e seu grupo não fossem grandes em número, eles eram grandes o suficiente e levavam tesouro bastante para chamar a atenção de ladrões e salteadores. Os perigos da viagem eram tão grandes para alguns milhares como se fossem milhões em número.

Talvez você seja da opinião que você é apenas um cristão no meio deste vasto mundo e que você não é tão importante para chamar a atenção do inimigo. Talvez você acha que sua pequena igreja ou sua pequena classe de escola dominical não é tão valiosa e que o inimigo não desperdiçaria seu tempo para atacá-lo. E talvez você acha que seu casamento e sua pequena casa é tão pequena e insignificante que você não é vulnerável ou suscetível aos perigos que as famílias maiores ou mais proeminentes enfrentam. Não importa quão pequeno ou insignificante você pareça ser, você é valioso e precioso para o Senhor e a obra do reino de Cristo. Você está carregando um enorme tesouro que deve ser protegido e apresentado no final da jornada da vida. Todos nós precisamos "de lhe pedir caminho seguro para nós, para nossos pequeninos, e para toda a nossa fazenda".

Verso 21 "Então proclamei um jejum ali junto ao rio Ava, para nos humilharmos diante do nosso Deus, a fim de lhe pedirmos caminho seguro para nós, para nossos pequeninos, e para toda a nossa fazenda".

Porque Esdras reconheceu a importância e seriedade do que ele estava prestes a fazer, ele "proclamou um jejum ali junto ao rio Ava". Por que Esdras "jejuou?" "Jejum" é abnegação. Quando alguém "jejua" fica sem comida, água ou alguma outra necessidade da vida para expressar sua dependência do Senhor. "Jejum" é bíblico e ainda é benéfico hoje. Às vezes, o filho de Deus deve ficar intencionalmente sem certas coisas, a fim de passar tempo com Deus. Você pode ficar sem comida ou água, que é geralmente a forma de jejum encontrada na Bíblia. No entanto, em uma cultura tão ocupada como a nossa, "jejum", ou intencionalmente ficar sem nossas rotinas diárias normais que ocupam muito do nosso tempo é uma forma de "jejum" também. Em vez de passar uma hora por dia no Facebook você poderia "jejuar" os primeiros quinze minutos desse tempo e gastá-lo com o Senhor. Fique sem a sua comida favorita ou determinado hábito ou rotina e dedique esse tempo à oração e a leitura a Palavra de Deus. Deus honra o “jejum” sincero e verdadeiro (Êxodo 34:28, 1 Samuel 7:6, Salmo 35:13, 69:10, Isaías 58:3, Jeremias 14:12, Daniel 10:3, Zacarias 7:5, Mateus 6:16-18, Lucas 4:1-2, Atos 9:9, Atos 13:2-3, 14:23).

Conhecendo a seriedade da jornada que estava por vir para Esdras e para o povo, ele "proclamou" ou pediu ao povo que se abstivessem das atividades normais da vida, a fim de se concentrar em clamar o Senhor por segurança. Este "jejum" teve lugar "junto ao rio Ava", que é um local nas imediações da Babilônia. Enquanto eles estavam acampados ali, Esdras "proclamou" este jejum. Como um dos líderes espirituais do povo, ele tinha o direito de convocar o povo a se abster de comer "para nos humilharmos diante do nosso Deus". Esdras tinha a convicção de que o povo precisava de um tempo de reflexão e oração, buscando a orientação e direção de Deus.

Nota: Deve-se lembrar que, ao contrário de Moisés, Esdras não tinha coluna de nuvem de dia ou coluna de fogo de noite para conduzi-los. Mas ele podia jejuar e orar!

"...pedirmos caminho seguro para nós" é uma referência a "um caminho direto" ou "uma jornada próspera e sem obstáculos". Está claro que Esdras olhou para Jeová e não para os reis terrenos para guiá-los em segurança para casa. Esdras queria chegar a Jerusalém com segurança por muitos motivos, mas principalmente porque tinha "pequeninos" e "fazenda". As crianças e o tesouro eram muito importantes e só em Deus podia confiar para ambos.

É muito tentador confiar em nossa própria sabedoria e viajar pela vida sem parar e buscar a orientação de Deus. Talvez você esteja confiante de que pode fazê-lo na vida sem parar e procurar a ajuda de Deus. Pense nos seus "pequeninos" e na sua "fazenda". Pense sobre os perigos e as dificuldades que a vida pode trazer. É pedir demais para você seguir o exemplo de Esdras e renunciar a sua dependência de alguém e de tudo menos de Deus? Você acha que pode conduzir sua pequena família para o fim da vida sem "jejum" e "oração"? É mais útil ler livros de autoajuda ou passar tempo com o Senhor? O que é mais valioso, ouvir as pessoas ou ouvir o Senhor?

Versículo 22 "Pois tive vergonha de pedir ao rei uma escolta de soldados, e cavaleiros para nos defenderem do inimigo pelo caminho, porquanto havíamos dito ao rei: A mão do nosso Deus é sobre todos os que o buscam, para o bem deles; mas o seu poder e a sua ira estão contra todos os que o deixam".

O fato de não pedir ao rei Artaxerxes uma escolta militar, Esdras estava demonstrando grande confiança e dependência do Senhor. Quando Neemias conduziu seu grupo para casa, ele aceitou a oferta do rei de uma escolta militar. Talvez, como Neemias era formalmente o portador do rei, ele não aceitaria o não como resposta (Neemias 2:9). Mas Esdras, teve "vergonha de pedir ao rei uma escolta de soldados, e cavaleiros para nos defenderem do inimigo pelo caminho". Esdras tinha tanta confiança no Senhor para proteger e suprir que ele ficou pessoalmente envergonhado de pedir ao rei proteção. Ele diz isso "porquanto havíamos dito ao rei: A mão do nosso Deus é sobre todos os que o buscam, para o bem deles; mas o seu poder e a sua ira estão contra todos os que o deixam".

Devemos admirar Esdras por testemunhar e mostrar sua fé e confiança em Deus. Muitas vezes não damos a Deus a chance de mostrar Seu poder. O Apóstolo Paulo disse: "e ele me disse: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. Por isso, de boa vontade antes me gloriarei nas minhas fraquezas, a fim de que repouse sobre mim o poder de Cristo". (2 Coríntios 12:9). Verdadeiramente Esdras e seu grupo eram fracos e vulneráveis ​​ao "inimigo pelo caminho". Esse "inimigo" poderia ser algumas das tribos árabes, que não devia lealdade a ninguém. Eles provavelmente viviam somente de caravanas itinerantes e qualquer um cruzava seus caminhos. As palavras de Esdras ao rei não devem ser tomadas como se ele estivesse se gabando ou se vangloriando em sua fé. Ele simplesmente declarou ao rei o que ele acreditava que Deus era capaz de fazer e então confiante o suficiente para provar isso. Ele também queria que o rei soubesse que o poder de Deus e a sua ira são contra todos os que o abandonam. Estas palavras são um poderoso lembrete de que é sempre perigoso interferir ou trabalhar contra a vontade de Deus. A história provou que Esdras estava certo!

Versículo 23 "Nós, pois, jejuamos, e pedimos isto ao nosso Deus; e ele atendeu às nossas orações".

"Nós, pois, jejuamos", significa que Esdras e o povo de Deus literalmente ficaram sem comida e passaram o tempo que normalmente gastariam comendo, falando e orando ao Senhor. Como Esdras escreveu essas palavras anos mais tarde, seu coração deve ter ficado esmagado ao pensar sobre aqueles dias de busca ao rosto de Deus. Sem dúvida, ele se lembrou de seu estômago grunhindo quando chegava a hora de comer, mas em vez disso ele saia para algum lugar e começava a orar.

"Suplicar" significa "buscar, desejar, pedir". "Pedimos isto" são duas palavras simples e aparentemente insignificantes, mas representam o próprio coração da vida de Esdras e do povo de Deus. Pense nessas duas palavras, "pedimos isto". Eles oraram "por isso". Esdras não foi o primeiro a usar essas duas preciosas palavras em oração e ele não seria o último. Ana testificou: "Por este menino orava eu, e o Senhor atendeu a petição que eu lhe fiz" (1 Samuel 1:27). O "por este" de Ana era um filho chamado Samuel. Deus concedeu seu pedido e lhe deu um filho e Israel um profeta. O Apóstolo Paulo testificou: "acerca do qual três vezes roguei ao Senhor que o afastasse de mim" (2 Coríntios 12:8). O "acerca do qual" de Paulo era um espinho na carne que Deus nunca retirou, mas deu graça a Paulo para viver com ele.

O "isto" de Esdras era proteção e uma viagem segura para casa. O testemunho de Esdras foi: "Deus é sobre todos os que o buscam". Esdras simplesmente disse: "Deus ouviu e atendeu".

Pergunta: Você tem um "isto" em sua vida? Talvez o "isto" é a necessidade de respostas a algumas das questões mais difíceis da vida. Talvez o "isto" seja a necessidade de um pastor. Talvez o "isto" seja como Esdras, a necessidade de direção, proteção e orientação. Seja qual for o "isto" em sua vida, Deus será "sobre" você. Ele vai ouvir. Continue orando por "isto".

2. Jejum e oração, apresentação no final da jornada (Esdras 8:31-32)

Esdras 8:24-30 registra o coração desta história como Esdras entrega o enorme tesouro para levar de volta a Jerusalém. Os exilados que retornaram não eram pobres. Deus abençoou Seu povo até mesmo no cativeiro. Acrescente a isso a oferta dos persas (Esdras 7:15-17) e você pode dizer com segurança que os exilados estavam voltando para casa com um grande tesouro.

Quando Esdras parte, ele pesa o tesouro a quantidade exata ou valor do que ele está levando para casa (Esdras 8:23-29). Quando chegaram a Jerusalém no final de sua jornada, pesariam novamente o tesouro (Esdras 8:33-36). Deus espera que apareçamos no final com o que tínhamos no começo. Isso nunca acontecerá sem jejum e oração.

Versículo 31 "Então partimos do rio Ava, no dia doze do primeiro mês, a fim de irmos para Jerusalém; e a mão do nosso Deus estava sobre nós, e ele nos livrou da mão dos inimigos, e dos que nos armavam ciladas pelo caminho"

Esdras e seu grupo "partiram" ou deixaram Babilônia no “primeiro dia do primeiro mês" (Esdras 7:9) e "partiram do rio Ava, no dia doze do primeiro mês" ou no mesmo mês. Como estavam acampados no "rio de Ava ... três dias" (Esdras 8:15), estavam a cerca de nove dias de viagem de Babilônia, talvez a 100-130 milhas de distância.

"A mão do nosso Deus estava sobre nós", indica que Esdras e o povo sentiram a proteção e a orientação de Deus ao longo de sua jornada (Esdras 7:6, 9, 28, 8:18, 22). Esdras não registra os detalhes da viagem como se poderia esperar. Ele apenas afirma: "A mão de nosso Deus estava sobre nós". O que mais precisa ser dito?
"ele nos livrou da mão dos inimigos, e dos que nos armavam ciladas pelo caminho" é outra simples declaração da proteção de Deus. Esta afirmação confirma que "a mão de nosso Deus estava sobre nós". Mais uma vez, Esdras não dá detalhes de inimigos que eles poderiam ter visto ou de perigos que enfrentaram. Ele apenas afirma os fatos.

Pense em todos os inimigos e perigos que "armavam ciladas pelo caminho" durante uma viagem de 900 milhas. E ainda, Esdras não nomeia um único evento. Ele apenas magnifica o fato de que "a mão de nosso Deus estava sobre nós". Isso é confiança! Isso é fé! Essa é a confiança no Deus Todo-Poderoso!

Verso 32 "Chegamos, pois, a Jerusalém, e repousamos ali três dias".

Depois da longa e dura jornada, um descanso de "três dias" foi recebido quando Esdras e o povo "chegaram a Jerusalém". As datas dadas para a sua partida e chegada com base em nosso calendário hoje significa que eles saíram em abril e chegaram em agosto. Eles certamente precisavam dos "três dias" de descanso. No "quarto dia"(Esdras 8:33), Esdras pesou os tesouros na casa de Deus e cuidou do negócio em questão (Esdras 8:34-36).

"Chegamos a Jerusalém", não são apenas palavras de destino alcançado. "Chegamos" nos lembra que sem a providência, a provisão e a proteção de Deus, eles nunca teriam recebido a liberdade de chegar. "Chegamos" nos lembra que este era o plano e propósito de Deus para que Seus filhos retornassem à sua terra natal (Esdras 1:3).

"a Jerusalém" significa que eles estavam em casa. A palavra "Jerusalém" é usada 48 vezes no livro de Esdras e é uma palavra especial para um povo especial em um lugar especial. Desde o chamado de Deus de Abraão no livro de Gênesis, os judeus eram e permanecem um povo especial. Jerusalém era também um lugar especial no passado, no presente e no futuro. Leia a palavra "Jerusalém" é pense em um povo reunido em casa. O jejum e a oração que tornou possível que Esdras e o povo de Deus "chegassem a Jerusalém". Eles estavam agora de volta a casa, que eles pertenciam.

Conclusão: Depois de setenta anos de cativeiro e meses de preparação e viagem, Esdras e os exilados finalmente chegaram em casa. É encorajador e desafiador ver o modo como Esdras se preparou e o povo de Deus para a viagem de volta a Jerusalém. Nós só podemos imaginar os perigos e as dificuldades envolvidos na viagem de quatro meses, nove mil quilômetros de Babilônia a Jerusalém.

Se Esdras tivesse escrito um diário detalhado ou um diário de viagem, teríamos ficado fascinados com sua descrição das tempestades de areia, ventos, salteadores árabes no horizonte ou os olhares de medo nos olhos das crianças. Isso teria tornado a leitura interessante e sem dúvida alguns sermões poderosos e lições da escola dominical. Mas no plano de Deus Ele disse a Esdras que escrevesse: "Eu proclamei um jejum ... a fim de lhe pedirmos caminho seguro" e "Nós, pois, jejuamos, e pedimos isto ao nosso Deus; e ele atendeu às nossas orações". Ele também disse a Esdras que escrevesse: "A mão de nosso Deus estava sobre nós" e "Chegamos a Jerusalém".

Esdras escreveu palavras simples e omitiu muito detalhes sobre a viagem. Mas ele escreveu exatamente as informações que você e eu precisamos para voltar para casa!

Não se esqueça de jejuar e orar.

Amém.

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