Série: Sabedoria Para a Vida - A Aplicação da Sabedoria: Ensinamentos Sobre a Família

A Aplicação da Sabedoria: Ensinamentos Sobre a Família
A primeira e principal relação humana foi a do homem e da mulher no casamento (Gênesis 2:18-24). Deste relacionamento vieram os primeiros filhos (Gênesis 4:1-2) e toda a humanidade descendeu de lá (Atos 17:26).

O livro de Provérbios contém várias instruções sobre as relações familiares, enfatizando a importância da harmonia no lar, bem como as responsabilidades dos pais, filhos e avós.

Harmonia no Lar

"Melhor é um prato de hortaliça, onde há amor, do que o boi gordo, e com ele o ódio"(15:17).

"Melhor é um bocado seco, e com ele a tranquilidade, do que a casa cheia de festins, com rixas"(17:1).

Uma família pobre é incapaz de sustentar-se com mais que um "prato de hortaliça" e um "bocado seco". Embora tal condição não seja desejável em si mesma, Salomão afirma que se há amor e quietude (a ausência de conflito) dentro de uma casa, a pobreza pode ser suportada. Mais do que isso, a prosperidade que permite desfrutar de uma festa não vale a pena perseguir se ele leva ao ódio e rixas dentro do lar. Muitas pessoas sacrificam a família para perseguir o sucesso nas coisas desta vida. Mas nenhuma quantidade da riqueza deste mundo pode substituir a bênção da harmonia no lar.

"Provérbios de Salomão. Um filho sábio alegra a seu pai; mas um filho insensato é a tristeza de sua mãe" (10:1).

"O filho insensato é tristeza para seu, pai, e amargura para quem o deu à luz" (17:25).

Um filho tolo, ao rejeitar os caminhos da sabedoria e se preocupar apenas em cumprir seus desejos, causará problemas no lar. Ele causa tristeza tanto ao pai (17:25) como à mãe (10:1). Por suas ações egoístas e rebeldes, ele demonstra que "despreza sua mãe" (15:20). Ao invés de ajudar a preservar a harmonia na família, o filho tolo, em vez disso, traz "destruição" (19:13).

"O que gera um tolo, para sua tristeza o faz; e o pai do insensato não se alegrará" (17:21).

A alegria que acompanha o nascimento de uma criança nem sempre dura. À medida que a criança cresce, se não seguir o caminho da sabedoria, atendendo à instrução de seus pais, a "loucura" que está "ligada ao [seu] coração" (22:15) criará raiz e definirá sua vida. Ninguém é um tolo de concepção ou de nascimento, mas torna-se um quando escolhe os caminhos da maldade. O pai de tal pessoa perde a alegria que experimentou uma vez por causa de seu filho, e essa alegria é substituída por tristeza.

"Filho meu, se o teu coração for sábio, alegrar-se-á o meu coração, sim, ó, meu próprio; e exultará o meu coração, quando os teus lábios falarem coisas retas" (23:15-16).

"Grandemente se regozijará o pai do justo; e quem gerar um filho sábio, nele se alegrará. Alegrem-se teu pai e tua mãe, e regozije-se aquela que te deu à luz" (23:24-25).

Em contraste com o versículo observado anteriormente sobre o tolo causando tristeza (17:21), um filho traz alegria a seus pais quando ele é sábio (23:15), quando ele fala o que é certo (23:16), e quando ele pratica a justiça (23:24). O apóstolo João, embora falasse de filhos no sentido figurado, expressava a mesma alegria que Salomão fala: "Não tenho maior alegria do que essa: o de ouvir que os meus filhos andam na verdade" (3 João 4).

"Sê sábio, filho meu, e alegra o meu coração, para que eu tenha o que responder àquele que me vituperar" (27:11).

Salomão observa novamente que um filho sábio traz alegria a seu pai (23:15-16, 24-25). Além disto, ele diz que quando seu filho anda em sabedoria, ele é capaz de "responder àquele que me vituperar". Se é justo ou não, as ações de um filho afetam a reputação de seu pai. Um filho que age sabiamente ajuda a preservar a reputação de seu pai diante de seu próximo.

Aos Pais

"O justo anda na sua integridade; bem-aventurados serão os seus filhos depois dele" (20:7).

Quando alguém segue a Deus como deveria, não somente será abençoado (11:3-8), mas seus filhos serão abençoados também. Em primeiro lugar, como Deus se deleita naqueles que O seguem, um benefício secundário é que "a descendência dos justos será livre" (11:20-21). Segundo, os filhos do justo são abençoados por terem seu bom exemplo a seguir. Terceiro, os filhos do justo são abençoados porque são ensinados por ele "no caminho que deve andar" (22:6).

"Instrui o menino no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele" (22:6).

Essa afirmação é geralmente verdadeira. Certamente, porque o homem tem livre arbítrio, é possível que os pais ensinem seus filhos como deveriam e então, quando seus filhos crescem, abandonam os caminhos da justiça. Mas, de modo geral, quando os pais conduzem seus filhos no caminho da verdade, eles continuarão nele em sua vida adulta. Assim, a influência dos pais não se limita ao lar antes de as crianças atingirem a idade adulta. Portanto, os pais devem considerar seriamente a sua responsabilidade no ensino de seus filhos.

"A estultícia está ligada ao coração do menino; mas a vara da correção a afugentará dele"(22:15).

A insensatez é usada de duas maneiras diferentes no livro de Provérbios. Pode se referir ao estado de mera falta de conhecimento. Pode também se referir ao estado de rejeição intencional do conhecimento. O primeiro é o tipo de tolice no coração de uma criança. Uma criança simplesmente não tem conhecimento e precisa ser treinada. Parte deste treinamento envolve disciplina. Isso não se refere a reprimendas verbais - embora haja momentos em que a instrução verbal é necessária - mas o castigo físico. Salomão deixa isso claro porque ele não menciona apenas a disciplina, mas a "vara da correção".

"Aquele que poupa a vara aborrece a seu filho; mas quem o ama, a seu tempo o castiga"(13:24).

Aqueles que se recusam a usar o castigo corporal na disciplina de crianças acreditam que estão agindo em amor. No entanto, Salomão diz que aquele que "poupa a vara" - ao não administrar este tipo de disciplina - "aborrece a seu filho". Portanto, aquele que ama seu filho o disciplinará diligentemente. A palavra traduzida diligentemente, significa buscar cedo ou fervorosamente. O ponto é que, os pais devem disciplinar seus filhos com seriedade, eles também devem fazê-lo em tempo hábil. Isso significa que, desde tenra idade, os pais devem disciplinar seus filhos adequadamente para que as crianças aprendam cedo na vida que há consequências por não obedecer.

"Corrige a teu filho enquanto há esperança; mas não te incites a destruí-lo" (19:18).

Salomão diz que a disciplina deve ser administrada "enquanto houver esperança". A implicação é que o tempo pode vir quando não há esperança. A idade em que o coração de uma criança torna-se endurecido e não aceita à instrução de seus pais. Os pais devem então disciplinar seus filhos com diligência – com seriedade e cedo [ver comentários em 13:24] - para que esse ponto nunca chegue. A versão da NVI diz: "não queiras a morte dele". Isto sugere que a disciplina deve ser sempre feita com amor como um esforço para educar uma criança, não como uma reação de raiva. A versão NTLH está formulada de maneira um pouco diferente: "mas não o mate de pancadas". O tipo de disciplina a que Salomão se refere (castigo corporal) resultará muitas vezes no choro da criança. Os pais não devem permitir que isso os dissuade em seus esforços para administrar a disciplina apropriada. Salomão explica isso no versículo seguinte.

"Não retires da criança a disciplina; porque, fustigando-a tu com a vara, nem por isso morrerá. Tu a fustigarás com a vara e livrarás a sua alma do Seol" (23:13-14).

A disciplina que Salomão fala, embora seja projetada para infligir dor, não resultará em ferimentos graves ou morte. Portanto, embora a criança possa chorar (ver 19:18), um pai não deveria "retirar a disciplina". Deus projetou os corpos das crianças para resistir ao castigo corporal. O sábio explica por que os pais não devem abster-se de infligir dor temporária na disciplina de seu filho - eles podem "livrarás a sua alma do Seol”. O objetivo da disciplina não é apenas para que uma criança aprenda a respeitar e obedecer seus pais. É também para que a criança, à medida que cresce, aprenda a respeitar e obedecer Aquele a quem seus pais também respeitam e obedecem - Deus.

"A vara e a repreensão dão sabedoria; mas a criança entregue a si mesma envergonha a sua mãe" (29:15).

Uma criança adquire sabedoria quando seus pais a disciplinam como deveriam. Mas a criança que é mimada e só recebe o que quer e nunca é disciplinada, "envergonha a sua mãe". Esta criança nunca aprende limites, fronteiras ou realidade. Portanto, à medida que ela envelhece, continua a agir de acordo com sua própria vontade tola e infantil - porque nunca foi afastado dele (22:15) - ela se torna uma fonte de vergonha para aqueles que o criaram.

"Corrige a teu filho, e ele te dará descanso; sim, deleitará o teu coração" (29:17).

Quando os pais administram a disciplina a seu filho, a criança provavelmente não irá apreciá-la. No entanto, à medida que envelhece, ele vai apreciar a diligência de seus pais a esse respeito. O escritor hebreu observou: "Na verdade, nenhuma correção parece no momento ser motivo de gozo, porém de tristeza; mas depois produz um fruto pacífico de justiça nos que por ele têm sido exercitados" (Hebreus 12:11). Uma criança disciplinada pode mais tarde proporcionar conforto ou descanso a seus pais e "deleitar" suas almas. Do ponto de vista temporal e espiritual, os pais encontrarão alegria na justiça de seu filho. Mas disciplina e correção são necessárias para que isso aconteça.

Aos Filhos

"O servo prudente dominará sobre o filho que procede indignamente; e entre os irmãos receberá da herança" (17:2).

Este versículo poderia ser usado para enfatizar o trabalho duro e a dedicação do servo. No entanto, há outro ponto a ser feito sobre o filho que Salomão menciona. O fato de ser filho não significava que suas ações vergonhosas seriam ignoradas. Ser um filho não significa que se deve sentir direito a qualquer coisa que seus pais têm. Salomão menciona especificamente a herança neste versículo. Embora muitas vezes seja verdade que um filho vai receber uma herança de seus pais, ele não deve agir como se ele tivesse um direito exclusivo pelo que ainda não lhe pertence. Demasiados jovens na nossa sociedade desenvolvem um senso insalubre de direito. No entanto, os pais podem usar seus recursos como acharem conveniente – até mesmo deixar uma herança para um servo sábio. Em vez de ter um senso de direito, as crianças de todas as idades devem aprender humildade, andar com retidão e honrar seus pais.

"O que rouba a seu pai, ou a sua mãe, e diz: Isso não é transgressão; esse é companheiro do destruidor" (28:24).

Este verso também trata da mentalidade de direito que muitos filhos têm. Eles acreditam que merecem tudo o que pode pertencer aos seus pais, mesmo antes de seus pais decidirem dar-lhes livremente qualquer coisa. Então, esses filhos perversos sentem que podem roubar seus pais sem achar que estão fazendo algo errado. O homem sábio observa quão sério é este crime quando ele diz que aquele que faz isso é "companheiro do destruidor".

"O que aflige a seu pai, e faz fugir a sua mãe, é filho que envergonha e desonra" (19:26).

Quem arrogantemente maltrata seus pais é pior do que um estranho que iria tratá-los da mesma maneira. O filho, porque ele é um reflexo sobre seus pais [ver comentários em 27:11], traz vergonha e desgraça para seus pais, além de qualquer dor física que inflige.

"Há gente que amaldiçoa a seu pai, e que não bendiz a sua mãe" (30:11).

"Os olhos que zombam do pai, ou desprezam a obediência à mãe, serão arrancados pelos corvos do vale e devorados pelos filhos da águia" (30:17).

O mandamento mais fundamental para os filhos é o quinto dos Dez Mandamentos: "Honra a teu pai e a tua mãe, para que os teus dias se prolonguem na terra que o Senhor teu Deus te dá" (Êxodo 20:12). Com este mandamento veio a promessa de que Deus os abençoaria na terra que estavam recebendo. Os versículos acima explicam que aqueles que falham em honrar seus pais não só perderão as bênçãos que vêm da obediência a este mandamento, mas sofrerão um castigo vergonhoso por seu pecado.

Aos Avós

"Coroa dos velhos são os filhos dos filhos; e a glória dos filhos são seus pais" (17:6).

Uma coroa é um sinal de que se merece honra e respeito. Ter netos é também um sinal de que alguém é digno de tal honra e respeito. Para ter netos, um avô deve primeiro criar seus próprios filhos de tal forma que eles serão capazes de criar seus filhos (seus netos).

"O homem de bem deixa uma herança aos filhos de seus filhos; a riqueza do pecador, porém, é reservada para o justo" (13:22).

Este versículo não está falando sobre um resultado garantido. Pode ser um homem bom, mas por causa de circunstâncias fora de seu controle, não tem nada para deixar como uma herança para seus filhos, e muito menos seus netos. Em vez disso, este versículo está falando sobre o fato de que um homem bom terá as características necessárias que podem permitir que ele deixe uma herança para seus netos - trabalho árduo, boa administração e uma preocupação para as gerações futuras. As circunstâncias na vida nem sempre funcionam como se poderia de esperar, mas todos os homens devem ter essas qualidades.

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